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Mouraria na rota do turismo residencial
Marisa Moura
2015
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Mouraria na rota do turismo residencial
Marisa Moura
2015
Artigo retirado da edição 9 do Jornal Rosa Maria. Esta edição poderá ser consultada na íntegra aqui.
#crisehabitacional

Empreendimento Amouraria, situado no Largo das Olarias

A presença do turismo residencial é uma constante atualmente no bairro da Mouraria
Cerca de quinze prédios serão transformados em três empreendimentos. O primeiro é o Amouraria, um condomínio de luxo para estrangeiros que querem ter casa em Portugal.
“Condomínio de luxo constituído por um edifício do século XVIII em reabilitação e um edifício novo, num total de 30 apartamentos com 930 m2 de jardim com enorme deck e piscina, ginásio com vistas sobre o jardim e garagem em subsolo.” Assim se apresenta o empreendimento Amouraria no site da imobiliária Casa em Portugal. Alguns destes apartamentos custam acima de meio milhão de euros.
O condomínio estará pronto pelo Natal. Fica no Largo das Olarias, na propriedade que pertenceu à família Figueiredo . Inclui um elevador para o Jardim da Cerca e um imóvel municipal que será ocupado pela Cozinha Popular da Mouraria.
Estão entretanto previstos mais dois empreendimentos a inaugurar nos próximos cinco anos, com preços mais acessíveis. Situar-se-ão na Travessa do Jordão e na ligação das Olarias ao Terreirinho. Todos são realizados através da Sustentoásis, uma empresa criada especificamente para estes investimentos na Mouraria e que é uma parceria entre a Stone Capital (especialista na reabilitação de imóveis de charme) e o grupo Libertas (operador na construção civil e energias renováveis e proprietário da Casa em Portugal). Esta, por sua vez, opera no chamado turismo residencial, um sector em que o país aposta desde o início da crise, em 2009.
Estrangeiros duplicam neste ano
Os estrangeiros que compram segunda casa adquiriram um quarto dos imóveis vendidos no ano passado, segundo a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal. As receitas geradas pelo turismo residencial (incluindo despesas de manutenção das casas e impostos) ascenderam aos 6 mil milhões euros – quase tanto como o valor do défice das contas públicas de 2014.
Este ano, estima-se que as vendas dupliquem para os 50 mil imóveis, criando, segundo a consultora PriceWaterhouseCoopers, 1200 empregos. Portugal recebe apenas 5% dos investimentos na Europa, neste sector. Pretende aproximar-se dos três maiores destinos – Espanha (40%), Itália (20%) e França (outros 20%) – e a Mouraria entrou na rota.
Gentrificação? “Estamos do lado da solução”
Entre os moradores, crescem os receios da gentrificação – ou seja, do aumento do nível de vida local, marginalizando ainda mais a enorme parte da população secularmente empobrecida. Os investidores do Amouraria garantem: “Estamos do lado da solução e não do problema”.
“Priorizamos a integração social e acreditamos na força das vontades de construir inclusão, força que, todavia, reside mais nas organizações locais e públicas do que em quem investe”, diz Honorina Silvestre, porta-voz destes empresários – e provedora da Santa Casa da Misericórdia de Canha, no Montijo. Sublinha ainda: “A desertificação dos espaços já aconteceu antes de chegarmos ao bairro e decidirmos recuperar/investir. Por alguma razão, os prédios estavam quase todos devolutos. Há que trazer novos moradores para dar uma nova vida aos comércios, criar condições para o desenvolvimento de serviços e todos fazerem um esforço de integração social e cultural”.
“Condomínio de luxo constituído por um edifício do século XVIII em reabilitação e um edifício novo, num total de 30 apartamentos com 930 m2 de jardim com enorme deck e piscina, ginásio com vistas sobre o jardim e garagem em subsolo.” Assim se apresenta o empreendimento Amouraria no site da imobiliária Casa em Portugal. Alguns destes apartamentos custam acima de meio milhão de euros.
O condomínio estará pronto pelo Natal. Fica no Largo das Olarias, na propriedade que pertenceu à família Figueiredo . Inclui um elevador para o Jardim da Cerca e um imóvel municipal que será ocupado pela Cozinha Popular da Mouraria.
Estão entretanto previstos mais dois empreendimentos a inaugurar nos próximos cinco anos, com preços mais acessíveis. Situar-se-ão na Travessa do Jordão e na ligação das Olarias ao Terreirinho. Todos são realizados através da Sustentoásis, uma empresa criada especificamente para estes investimentos na Mouraria e que é uma parceria entre a Stone Capital (especialista na reabilitação de imóveis de charme) e o grupo Libertas (operador na construção civil e energias renováveis e proprietário da Casa em Portugal). Esta, por sua vez, opera no chamado turismo residencial, um sector em que o país aposta desde o início da crise, em 2009.
Estrangeiros duplicam neste ano
Os estrangeiros que compram segunda casa adquiriram um quarto dos imóveis vendidos no ano passado, segundo a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal. As receitas geradas pelo turismo residencial (incluindo despesas de manutenção das casas e impostos) ascenderam aos 6 mil milhões euros – quase tanto como o valor do défice das contas públicas de 2014.
Este ano, estima-se que as vendas dupliquem para os 50 mil imóveis, criando, segundo a consultora PriceWaterhouseCoopers, 1200 empregos. Portugal recebe apenas 5% dos investimentos na Europa, neste sector. Pretende aproximar-se dos três maiores destinos – Espanha (40%), Itália (20%) e França (outros 20%) – e a Mouraria entrou na rota.
Gentrificação? “Estamos do lado da solução”
Entre os moradores, crescem os receios da gentrificação – ou seja, do aumento do nível de vida local, marginalizando ainda mais a enorme parte da população secularmente empobrecida. Os investidores do Amouraria garantem: “Estamos do lado da solução e não do problema”.
“Priorizamos a integração social e acreditamos na força das vontades de construir inclusão, força que, todavia, reside mais nas organizações locais e públicas do que em quem investe”, diz Honorina Silvestre, porta-voz destes empresários – e provedora da Santa Casa da Misericórdia de Canha, no Montijo. Sublinha ainda: “A desertificação dos espaços já aconteceu antes de chegarmos ao bairro e decidirmos recuperar/investir. Por alguma razão, os prédios estavam quase todos devolutos. Há que trazer novos moradores para dar uma nova vida aos comércios, criar condições para o desenvolvimento de serviços e todos fazerem um esforço de integração social e cultural”.