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Na rua das Farinhas
Francisco Melo
2019
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Na rua das Farinhas
Francisco Melo
2019
Artigos retirados da edição 11 do Jornal Rosa Maria. Esta edição poderá ser consultada na íntegra aqui.
#históriadoterritório

Rua das Farinhas

Pedra gravada sobre um conjunto de prédios (números 22 a 26), na Rua das Farinhas. Fonte: Blog “Lisboa de Antigamente”
Na Rua das Farinhas existe um conjunto de três prédios, bem ao centro, os mais típicos da artéria e do lugar. Aquele que tem os números 22 a 26, com empena de bico, mostra uma pedra com um corvo em relevo e uma legenda – «Sam Vecête» (São Vicente), vestígio do culto vicentino e da simpatia popular pelos corvos que acompanharam o corpo do santo a Lisboa desde o Cabo de São Vicente. Não há nada em Lisboa igual. Deve ter sido um prédio concedido em foro aos frades agostinianos. O foro passou, o corvo não.
O outro prédio, dos números 28 a 30, mostra-nos dois registos: um em pedra, com São Mamede gravado, e, outro em azulejo de São Marçal, dos mais antigos entre as centenas que Lisboa possui. Registos como estes eram um poderoso auxílio para as famílias destes lares, que rogavam a intercessão dos santos a que eram devotas junto do Altíssimo, muitas vezes contra catástrofes naturais e surtos epidémicos.
Do pequeno Largo dos Trigueiros sai o Beco das Farinhas, que vai dar a São Cristóvão, e no qual se encontra, à direita, metida na parede de um prédio, uma pedra em ângulo que diz de um lado «S. Cristóvão» e do outro «S. Lourenço», com data de 1700. Isto é: aquele mural marcava o local exato da separação das freguesias, hoje reunidas.
Sobre a Rua das Farinhas, Norberto de Araújo, nas suas Peregrinações em Lisboa, descreve em 1938: «Para o lado norte (banda do Castelo) abrem as Escadinhas – sempre escadas por aqui – que levam à Rua das Farinhas, a avenida do sítio, com o seu Rossio que é o Largo da Rosa.»
A rua, que hoje une o Beco das Farinhas ao Largo da Rosa, terá sido um topónimo fixado na Lisboa seiscentista. Esta hipótese assenta no facto de já Cristóvão de Oliveira, ao descrever a Lisboa de 1551 no seu Sumário, já apresentar a Rua das Farinhas na freguesia de São Lourenço, bem como o Beco das Farinhas na vizinha freguesia de Santa Justa. E parece descortinar-se a continuidade do topónimo por se encontrar a mesma rua, nas descrições paroquiais anteriores ao Terramoto de 1755, na freguesia de São Lourenço, bem como o Beco das Farinhas em Santa Justa.
A rua subsiste com a mesma denominação e é acompanhada pelo Beco, o Largo e as Escadinhas da Rua das Farinhas. Seria aí que as faziam ou vendiam?
O Beco foi oficializado por edital do governo civil de Lisboa a 1 de setembro de 1859 e, não obstante assinalar-se que a denominação anterior deste arruamento era Beco do Forno, não encontramos nessa localização nenhuma referência a tal. De qualquer forma, toda esta toponímia parece indiciar a existência da atividade de panificação e/ou moageira no local.
O outro prédio, dos números 28 a 30, mostra-nos dois registos: um em pedra, com São Mamede gravado, e, outro em azulejo de São Marçal, dos mais antigos entre as centenas que Lisboa possui. Registos como estes eram um poderoso auxílio para as famílias destes lares, que rogavam a intercessão dos santos a que eram devotas junto do Altíssimo, muitas vezes contra catástrofes naturais e surtos epidémicos.
Do pequeno Largo dos Trigueiros sai o Beco das Farinhas, que vai dar a São Cristóvão, e no qual se encontra, à direita, metida na parede de um prédio, uma pedra em ângulo que diz de um lado «S. Cristóvão» e do outro «S. Lourenço», com data de 1700. Isto é: aquele mural marcava o local exato da separação das freguesias, hoje reunidas.
Sobre a Rua das Farinhas, Norberto de Araújo, nas suas Peregrinações em Lisboa, descreve em 1938: «Para o lado norte (banda do Castelo) abrem as Escadinhas – sempre escadas por aqui – que levam à Rua das Farinhas, a avenida do sítio, com o seu Rossio que é o Largo da Rosa.»
A rua, que hoje une o Beco das Farinhas ao Largo da Rosa, terá sido um topónimo fixado na Lisboa seiscentista. Esta hipótese assenta no facto de já Cristóvão de Oliveira, ao descrever a Lisboa de 1551 no seu Sumário, já apresentar a Rua das Farinhas na freguesia de São Lourenço, bem como o Beco das Farinhas na vizinha freguesia de Santa Justa. E parece descortinar-se a continuidade do topónimo por se encontrar a mesma rua, nas descrições paroquiais anteriores ao Terramoto de 1755, na freguesia de São Lourenço, bem como o Beco das Farinhas em Santa Justa.
A rua subsiste com a mesma denominação e é acompanhada pelo Beco, o Largo e as Escadinhas da Rua das Farinhas. Seria aí que as faziam ou vendiam?
O Beco foi oficializado por edital do governo civil de Lisboa a 1 de setembro de 1859 e, não obstante assinalar-se que a denominação anterior deste arruamento era Beco do Forno, não encontramos nessa localização nenhuma referência a tal. De qualquer forma, toda esta toponímia parece indiciar a existência da atividade de panificação e/ou moageira no local.